Talvez o gesto de
caminhar entre pedras que dançamos há pouco
Subindo aqui a esse monte de todas as
formas existentes
Fez que me perguntasse se lhe tenho
amor
E se o tenho de que amor é feito esse amar
Olhavamos a imensidão azul que redunda em
mistura de céu a mar
Você me olhava esperando uma resposta
Eu não dizia nada porque não sabia
exatamente
Começar e menos ainda acabar
Ao ponto de lhe dizer todas as palavras
que havia.
E insistia numa teimosia:
As palavras não dariam conta da
imensidão azul verde cinza do céuamar
Você, por certo, não entenderia como
antes e depois
Divagaríamos e nos desentenderíamos
Em meio a palavras que saem tortuosas
como
Ondas incontroláveis, que não sabem
Parar
mas também não sabem quando vem
Se pra lá, ou pra diante, se recuam ou
Avançam.
Como as ondas, as palavras não
encontrariam
Chão
E não teriam razões e se rebentariam
Umas contras as outras
impacientemente...
E o vento cessaria e a noite chegaria...
Dependendo da lua, a noite, traria mais
ou menos maré
E as palavras de novo não saberiam se
naquele instante
Muita ou pouca água nos cobriria nas
areias
Fugiríamos para as pedras
tentando nos proteger
ou nos jogaríamos na rebentação em busca de uma ilha aérea?
Fugiríamos para as pedras
tentando nos proteger
ou nos jogaríamos na rebentação em busca de uma ilha aérea?
E neste divagar de ondas fluiriam
tantas coisas indizíveis,
quanto tentativas de dizê-las
A verdade das palavras ou das ondas é
que elas são a aparência do mar e do
amor
Na essência desse aparecer de ondas e
palavras há um oceano profundo
É nesse oceano entre tantas espécies
conhecidas
E tantas outras fantasiadas que se
assentam as ondas
Aqui de cima desse monte não é
possível avistá-las todas, mas veja:
O que eu consigo dizer quando fecho os
olhos
E pululam estrelas do céuamar
Nas minhas pálpebras oceânicas é uma
imensidão
Como entre céu e mar em que tudo são
ondas.
Por baixo das ondas, já lhe disse, há
um oceano,
Por sobre elas, há outro oceano: o céu
É você isso tudo que posso ver do
alto dos montes
É você isso tudo que não tem
palavras e não tem fim
É você que é essa mistura fluida,
entre céu água sal e ar
Cosmos éter areia, desse infinito que
não se acaba
De todas essas ondas,
Esse mar
Esse oceano céu amar
Nadaríamos, enfim, na calmaria das profundezas
E encontraríamos no fundo desse oceano
A ilha que habita as nuvens
E nos entenderíamos cansados
Esse oceano céu amar
Nadaríamos, enfim, na calmaria das profundezas
E encontraríamos no fundo desse oceano
A ilha que habita as nuvens
E nos entenderíamos cansados
Em um longo e calmo silêncio